segunda-feira, 28 de novembro de 2011

EDUCAÇÃO E POLÍTICA

“As chamadas minorias, por exemplo, precisam reconhecer que, no fundo, elas são a maioria. O caminho para assumir-se como maioria está em trabalhar as semelhanças entre si e não só as diferenças e assim criar a unidade na diversidade, fora da qual não vejo como aperfeiçoar-se e até como construir-se uma democracia substantiva, radical.”
(Freire, Paulo. Pedagogia da esperança. Paz e Terra, 1992).

Cidadão significa "indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado" e cidadania "tem que ver com a condição de cidadão, quer dizer, com o uso dos direitos e o direito de ter deveres de cidadão". É assim que Paulo Freire entende,"a alfabetização como formação da cidadania" e como "formadora da cidadania". (FREIRE, Paulo. Política e Educação, Cortez, 1993.)
De maneira ampla e diversificada, as idéias de Paulo Freire alcançam as áreas da economia, das ciências sociais, da física, da química, da psicologia, da política, entre outras. Constrói a cidadania para cada um e para todos.

“Um desses sonhos para que lutar, sonho possível mas cuja concretização demanda coerência, valor, tenacidade, senso de justiça, força para brigar, de todas e de todos os que a ele se entreguem, é o sonho por um mundo menos feio, em que as desigualdades diminuam, em que as discriminações de raça, de sexo, de classe sejam sinais de vergonha e não de afirmação orgulhosa ou de lamentação puramente cavilosa. No fundo, é um sonho sem cuja realização a democracia de que tanto falamos, sobretudo hoje, é uma farsa.”
(FREIRE, Paulo. Política e Educação, 2001.)

 “A cidadania é uma invenção coletiva. Cidadania é uma forma de visão do mundo”.
(Paulo Freire)
Desde o começo da prática pedagógica, Paulo Freire optou por uma pedagogia política centrada na liberdade e na autonomia das pessoas, propondo a politização da educação.
Ao avaliar que o processo do conhecimento acontece quando o indivíduo, é estimulado a refletir sobre os seus problemas na vida cotidiana, o trabalho pedagógico político de Paulo Freire segue para o homem excluído das ações políticas e julgado pelos poderosos como incapaz de definir sua existência.
Juntando educação e política em seu trabalho de acompanhamento pedagógico de pessoas iletradas em várias partes do mundo, Paulo Freire motivou para à reconquista dos seus direitos, da voz, da leitura e da escrita .Educação e política para Paulo Freire é assumir o comando dos deus processos de existência liberta e progressista.





Dizer a Palavra e Transformar o Mundo


“Fui alfabetizado (...) com palavras do meu mundo, não do mundo maior dos meus pais. (...) Já homem, eu proponho isso! Ao nível da alfabetização de adultos, por exemplo.”
(in Sobre Educação - Freire, P. e Guimarães, S. 1982 p.14-15).


Seu pensamento inspirou-se no personalismo de Emmanuel Mounier, bem como no existencialismo, na fenomenologia e no marxismo. Soube assimilar elementos fundamentais para incluí-los na sua concepção pedagógica.
Os textos de Paulo Freire unem correntes diferentes do humanismo e marxismo, fazendo com que um público mais numeroso tenha acesso à sua obra.

A escritora Rosiska Darcy de Oliveira e Pierre Dominicé observam que o pensamento de Freire corre o risco de servir a cada leitor segundo seus interesses.
A pedagogia de Paulo Freire foi  revestida de uma expressão universal, suas teorias se enriqueceram com as mais variadas experiências de grande parte do mundo.
Paulo Freire esteve em vários países da Europa, África, Ásia, América Latina, Estados Unidos e Canadá, aplicando seu método, promovendo consciência, libertação e transformação.


“O homem não pode participar ativamente na história, na sociedade, na transformação da realidade se não for ajudado a tomar consciência da realidade e da sua própria capacidade para a transformar. (...) Ninguém luta contra forças que não entende, cuja importância não meça, cujas formas e contornos não discirna; (...) Isto é verdade se se refere às forças da natureza (...) isto também é assim nas forças sociais (...). A realidade não pode ser modificada senão quando o homem descobre que é modificável e que ele o pode fazer.“
(FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987).


“A educação como prática de liberdade, ao contrário daquela que é prática de dominação, implica na negação do homem abstrato, isolado, solto, desligado no mundo, assim também na negação do mundo como uma realidade ausente nos homens.”
(Paulo Freire, Educação como prática da liberdade).

Cronologia

1921
Paulo Freire nasce em Recife, no dia 19 de setembro.

1927
Entra, já alfabetizado, para a escolinha particular da professora Eunice Vasconcelos.

1931
Mudança para Jaboatão dos Guararapes/PE.

1934
Morte do pai quando Paulo tinha 13 anos.

1937 a 1942
Cursa o Ensino Secundário no Colégio Osvaldo Cruz, do Recife, onde teve seu primeiro emprego, tornando-se, em 1942, professor de língua portuguesa do mesmo.

1943
Ingressa na Faculdade de Direito do Recife.

1947
Forma-se Bacharel em Direito.

1944
Casa-se com Elza Maia Costa de Oliveira.

1947
Assume a Diretoria da Divisão de Educação e Cultura, do Sesi-Pernambuco.



1952
Nomeado Professor Catedrático da Faculdade de Belas Artes, da Universidade do Recife.

1954
Foi nomeado Diretor Superintendente do Departamento Regional de Pernambuco do SESI-PE, cargo que ocupou até outubro de 1956.

1960
Defende tese e obtém o título de Doutor em Filosofia e História da Educação.

1961
Foi-lhe conferido o título de Livre Docente da Faculdade de Belas Artes. Tendo perdido o cargo de docente desta Escola, foi nomeado Professor Assistente de Ensino Superior, de Filosofia, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, da Universidade do Recife.

1962
Cria e foi o primeiro Diretor do Serviço de Extensão Cultural, da Universidade do Recife.

1963
Realiza a Experiência de Alfabetização de Angicos/RN. Cria as bases do Programa Nacional de Alfabetização, do Governo João Goulart.

1964
Golpe Militar extingue o Programa Nacional de Alfabetização.
Prisão no Recife.
Asilo na Embaixada da Bolívia, no Rio de Janeiro.
Em setembro parte para a Bolívia.
Em novembro segue para o Chile.

1965
Publica o livro Educação Como Prática da Liberdade.

1967 a 1968
Escreve no Chile o livro Pedagogia do Oprimido.

1969
Muda-se para Cambridge, Massachussetts, USA.

1970
Transfere-se para Genebra, Suíça, para trabalhar no Conselho Mundial das Igrejas, passa a “andarilhar” pelos cinco continentes.

1971
Funda, com outros exilados, o Instituto de Ação Cultural (IDAC), em Genebra. dedica-se de modo especial ao trabalho de educação em alguns países africanos.

1979
Obtém seu primeiro passaporte e visita São Paulo, Rio de Janeiro e Recife.

1980
Retorna ao Brasil, para lecionar na PUC/SP e na Unicamp.

1981
Participa da fundação do Vereda - Centro de Estudos em Educação, em São Paulo.

1982
Publica A importância do ato de ler em três artigos que se completam, livro que mereceu, em julho de 1990, o “Diploma de Mérito Internacional”, concedido pela “International Reading Assocition”, na Suécia.
Deste ano até 1992, escreve os “livros falados”, isto é, livros nos quais, estimulado por outros educadores, narrava a sua vida e explicitava as suas reflexões.

1986
Recebe o Prêmio UNESCO da Educação para a Paz.
No dia 24 de outubro morre sua primeira esposa, Elza Maia Costa de Oliveira.

1987
Passa a integrar o júri internacional da UNESCO, que escolhe e premia as melhores experiências de alfabetização do mundo.

1988
No dia 27 de março, casa-se em cerimônia religiosa, no Recife, com Ana Maria Araújo Hasche e, em 19 de agosto, em cerimônia civil, quando ela passa a assinar Freire.

1989
Assume o cargo de Secretário de Educação da cidade de São Paulo.

1991
Afasta-se da SMEd-SP para escrever livros. Retorna a lecionar na PUC/SP. Demite-se da UNICAMP.

1988 a 1997
Volta depois de 10 anos a escrever livros autorais: Pedagogia da Esperança. Cartas a Cristina: reflexões sobre a minha vida e minha práxis. Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. Política e educação. À sombra desta mangueira e Pedagogia da Autonomia, além de outros com diversos educadores. e inúmeros artigos e conferências.

Faleceu no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, no dia 02 de maio, vítima de um infarto agudo do miocárdio. Deixou 5 filhos e viúva.

Paulo Freire participou durante a sua vida de fóruns e debates. Realizou milhares de palestras e conferências. Deu pareceres sobre os mais diversos assuntos. Concedeu entrevistas para jornais, revistas e televisão. Envolveu-se nos movimentos sociais progressistas, entre muitas outras atividades como militante e como intelectual. Recebeu prêmios, títulos e homenagens em todo o mundo, entre estas 39 títulos de Doutor Honoris Causa, dos quais 5 entregues à sua viúva.
A partir de 2000, a sua viúva Ana Maria Araújo Freire, na qualidade de sucessora legal da obra de Paulo Freire, organizou seus textos inéditos, nomeou-os e publicou na “Série Paulo Freire”, da qual é diretora: Pedagogia da Indignação, Pedagogia dos Sonhos Possíveis e Pedagogia da Tolerância.